Obrigado por me deixar compartilhar meu conhecimento.

Satyam

Quando no yoga nós falamos do segundo princípio entre os yamas citado por Patañjali, aquele que recebe o nome de Satya, verdade/veracidade, e muitos outros sinônimos como honestidade, franqueza… nós estamos falando de um princípio que faz parte da estrutura básica do Dharma. O Dharma é a Verdade. O Dharma é aquilo que sustenta, que comporta, que delimita, que detém, é o conjunto de valores (yamas e niyamas e mais) que nos mantém alinhados com a realidade maior, a Consciência, o princípio universal, Purusha, isso é o Dharma. O Dharma é a Lei, é o certo, é o que é real. E a realidade é a Verdade.

E para investigarmos a Verdade é preciso buscarmos elementos que possam ser comprovados, que sejam perceptíveis. É importante considerarmos a capacidade de nossos sentidos para averiguação, é importante consideramos o testemunho daqueles que sondaram com seus próprios sentidos, mas também ir além da nossa relação pessoal ou interpessoal com aquilo, olhar desde um lugar desidentificado, afim de constatar se posso confiar nos meus sentidos ou na experiência dos que me cercam.

Por exemplo, a partir do meu ponto de vista e minha realidade pessoal e cotidiana, posso acreditar que o mundo todo tem características do bioma Mata Atlântica, baseando-me no que alcanço a minha volta, caso nunca tenha viajado e nenhum outro meio expôs uma realidade diferente dessa. E sabemos que essa percepção não é real, é uma visão deturpada, ainda que naquela condição de percepção sensorial isso seja verdade. Então não posso confiar, unicamente, aos meus sentidos o reconhecimento da verdade. Ainda que possam comprovar e meus vizinhos, na mesma condição, estejam ali para confirmar isso, mas é um equívoco.

Então preciso me desvencilhar crença que foi fundamentada pela experiência empírica e a comprovação por meio de testemunhas e ir além, ir para uma condição mais ampla, abrangente, que envolva a ciência, a pesquisa. E aí vou descobrir que existem outros cinco biomas só nesse território político que vivo e outros mais ao redor do mundo.

Se conhecer uma verdade maior que a sua, abandone a sua.

Um banho de lavar a alma. Bali.
(fotos de duas semanas)

Com isso, quero dizer que é importante nos relacionarmos com a verdade a partir de um ponto que transcenda a nossa crença pessoal, que vá além daquelas estruturas culturalmente impostas ou que simplesmente são de nossa preferência, porque evitamos a dor e algumas verdades machucam. É comum que deixemos de olhar para outras verdades porque interagir com elas nos incomoda e porque estamos convencidos de que a nossa verdade é a verdade absoluta. É importante que nos deparemos com novas possibilidades, que questionemos o que é consenso sobre a verdade, é elementar construir parâmetros a partir de estudo e ter sempre essa postura de desapego com relação a nossa própria verdade, para que consigamos avaliar se aquilo que carregamos como verdade é mesmo Verdade.
Para que tenhamos uma vida em verdade, alinhada com o Dharma, precisamos conhecer a verdade ou as verdades, precisamos buscá-las, tendo em conta que, a verdade pode sempre ser superada por uma verdade maior.
Concluo que, na honestidade de uma busca pela verdade, reconheceremos que a vida é uma constante atualização de verdades, e é importante que tenhamos abertura para isso. Buscando sempre ferramentas que nos levem a esse lugar em que nossa verdade seja confrontada por outras verdades, abrindo mão das preferências, aquelas que nos são apenas convenientes. Estar aberto às verdades que eventualmente doem, mas que vão nos libertar de alguma crença a qual estávamos aprisionados.
Estacionar em uma verdade e lutar para nunca sair dela, chama-se fanatismo. Estamos evoluindo, isso significa mudar e o “chegar lá”, talvez seja aceitar a metamorfose de nossa existência e estar sempre disposto a abraçar o novo, que sempre haverá.
Todos as verdades nos fazem bem, pois nos tiram de alguma ilusão. O grau de proximidade com a verdade última vai depender de nosso conhecimento, dedicação, humildade, retidão, desapego e aceitação.
Essa é a minha verdade, por enquanto.

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  • Data da postagem: junho 27, 2024
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