Onde o amor esta pregado?

Nos iludimos com facilidade, somos facilmente ludibriados, especialmente quando idealizamos algo, ainda mais no meio espiritual. Apesar de muito se propagar a palavra ‘amor’, na prática ainda encontramos muita indiferença, inclusive por parte daqueles que portam discursos de fraternidade. São muitos os exemplos de desigualdades nos quatro cantos do mundo.

Em viagens pela Índia, conhecida como a “terra dos gurus”, do Dharma, ali onde sustentam fortemente o princípio Ahimsa, testemunhamos a violência e a desigualdade, que só cresceram nos últimos anos. A realidade se mostra oposta ao estilo de vida discursado nos cursos de Yoga e Ayurveda.

Um tema assombroso que ao debruçarmo-nos colapsa todo o cenário que pintam sobre o lugar que é o nascedouro do Yoga, é a questão do machismo, pontualmente a violência contra as mulheres. Ainda nos dias de hoje, não é bem visto a chegada de filhas mulheres na família, levando-as a uma vida de opressão e violência, quando não são privadas do direito à vida.

Não há intenção de difamar a Índia, só é citada por ser um forte contraste de espiritualidade e violência. Esses desequilíbrios não são exclusivos da Índia, são comuns em países teocráticos e conservadores, onde as mulheres são subjugadas. O Brasil também testemunha atrocidades, especialmente em regiões pobres, onde a miséria leva a negociações imorais, como turismo sexual e exploração infantil, amplamente negligenciados. A falta de educação sexual nas escolas, tão combatida pela extrema direita, contribui para a estatística alarmante de 50% das mulheres brasileiras já terem sofrido abusos, muitas vezes por parentes, na infância e adolescência.

Mas na Índia a questão é cultural, o nascimento de filhas é frequentemente encarado como uma despesa, levando ao infanticídio feminino. Viúvas são isoladas, enquanto homens se casam repetidas vezes, inclusive com meninas. A escassez de mulheres em determinadas regiões alimenta o tráfico humano/sexual. O casamento muitas vezes resulta em servidão e violência doméstica. Denunciar abusos pode levar a retaliações graves, perpetuando um ciclo de sofrimento e marginalização para as mulheres indianas, que lutam por justiça e liberdade.